Em “As três idades da mulher”, Gustav Klimt representa o ciclo da vida. A tela é cheia de simbolismos, e a análise dela vai além da distinção das fases da vida da mulher. Para a senhora, que aparece de cabeça baixa e com cabelos escondendo o rosto, Klimt lançou mão de detalhismo em partes do corpo, como as rugas na mão.
Para desenhá-la, o pintor afirmou que se baseou na escultura de Rodin, intitulada “Aquela que foi a bela mulher do forjador de elmos”.
Dizem os especialistas que houve inspiração também, para toda a tela, na arte de Grien em “As três idades da mulher e da morte.”* Em Klimt, em vez da ampulheta, a morte é representada pelo negro na
horizontal, bem como a cor de fundo representa a areia que conta o tempo. A anciã está, então, mais próxima da morte, visto a mancha negra sob seus pés.
Diferente de outras obras de Gustav Klimt, a mulher ruiva não representa sensualidade, mas inocência, devido à presença da criança. A cor da pele das duas contrasta com a pele escura da senhora à esquerda. O manto que une as duas mais novas representa os desenhos têxteis de Klimt, que costumam atrair os olhos dos admiradores e os fazem identificar o trabalho do artista.
Acho triste a visão de realidade que Klimt traz nesta tela: A anciã distante da jovem que carrega a criança apresenta o conflito das gerações, como se a mais velha estivesse abandonada. No meu mundo ideal, estariam as três entrelaçadas pelo manto.
*As três idades da mulher e a morte, de Hans Baldung Grien:
(Estudo sobre um dos livros – este, sobre Gustav Klimt – de “Grandes Mestres da Pintura”, coleção da Folha de S. Paulo.)